(A imagem ilustra Farfarout olhando em direção ao Sol. A Via Láctea atravessa diagonalmente. Crédito: NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva)
Aprendemos na escola que o Sistema Solar é composto pelo Sol e oito planetas (bem, eu aprendi que eram nove, mas essa é outra história), mais cometas, asteróides e satélites. Quando se trata de definir o limite do Sistema Solar, no entanto, fica difícil de encontrar um critério. Poderia ser o último planeta, Netuno? A influência do vento solar, que chamamos de Heliosfera, no entanto, vai além desse ponto e se estende até 100 unidades astronômicas (UA), ou 15 bilhões de quilômetros do Sol. Mas a influência do campo gravitacional do Sol se estende ainda além deste limite.
Acaba de ser demonstrado que o objeto, oficialmente nomeado 2018 AG37 , e popularmente apelidado de Farfarout , ou seja muito-muito-longe, é de fato o objeto observado mais longínquo do Sol, neste momento fora da Heliosfera, a 132 UA. No entanto, sua órbita é muito elíptica e se afastará do Sol até 175 UA. Quando retornar, ficará por dentro da órbita de Netuno, a menos de 30 UA. De qualquer forma, isso levará tempo porque Farfarout tem um período orbital de 1.000 anos aproximadamente.
A confirmação da distância de Farfarout veio depois de um seguimento do seu movimento por mais de dois anos. Ele foi detectado em 2018 por Scott Sheppard, da Carneggie Institution for Science, com o telescópio Subaru (Hawaii) de 8 m de diâmetro. Depois da descoberta, um time internacional acompanhou seu movimento vagaroso por meio dos telescópios Gemini Norte (Hawaii) e Magallanes (Chile) para determinar sua distância e os demais parâmetros da sua órbita. O anúncio oficial junto com a divulgação dos parâmetros orbitais ocorreu nessa semana, em 10 de fevereiro de 2021. O time também estimou o tamanho do objeto, com um diâmetro em torno aos 400 km, ou um terço do raio da Lua.
Estará Farfarout no limite derradeiro do Sistema Solar? Seguramente, não. Os astrônomos têm a hipótese da existência de uma região a 1.000 UA chamada de Nuvem de Oort, formada por planetesimais de gelo que orbitam em torno do Sol. Sem evidência direta ainda, a Nuvem de Oort explicaria a origem dos cometas de longo período (mais de 100 anos).