(Órbita calculada do asteróide 2009 JF1 (curva branca) junto com as dos planetas internos do Sistema Solar. A curva azul é a órbita da Terra. Gráfico elaborado pelo Jet Propulsion Laboratory (JPL) .)
A notícia está se espalhando rápido. Um asteróide, chamado 2009 JF1 poderia impactar com a Terra em breve, em maio de 2022! Como toda notícia sensacionalista, devemos ser cautelosos na hora de aceitá-la. Vejamos o que há de certo na afirmação anterior:
- O asteróide existe, recebe a designação oficial de 2009 JF1 e pertence ao grupo de asteróides Apollo cuja órbita, muito elíptica, tem seu afélio (ponto de máximo afastamento do Sol) além da órbita de Marte, e seu periélio (ponto de máxima aproximação ao Sol) perto da órbita de Mercúrio. Na figura acima, a elipse branca representa a órbita de 2009 JF1, o círculo (na verdade é uma elipse também) vermelho é Marte, a Terra em azul, Vênus em roxo e Mercúrio em vermelho mais interno. No grupo Apollo já foram identificados mais de 10.000 asteróides.
- Existe perigo de colisão? Existe, porque, como podemos ver na figura acima (esquerda), a órbita de 2009 JF1 cruza a da Terra.
- Ele vai colidir com a Terra então? Não desta vez. Na figura abaixo, temos um close-up da órbita. Quando, em 11 de maio de 2022, 2009 JF1 atravesse a órbita da Terra, nosso planeta já estará a mais de 10 milhões de km de distância. Vejam a Terra na figura representada por um pontinho branco, o círculo branco ao redor, é a órbita da Lua. Uffff, ainda bem.
- E por que o alarme? Órbitas de asteróides são difíceis de prever porque sendo muito pequenos sofrem muito as perturbações criadas pelos planetas e demais corpos do Sistema Solar. Por esse motivo as órbitas são probabilísticas. No entanto, a probabilidade de este asteróide não impactar com a Terra é de 99,974%, um número suficientemente grande mas que mesmo assim os astrônomos monitoram continuamente.
- A boa notícia sobre 2009 JF1 é que esta é a única rota de colisão provável. Quer dizer, após maio de 2022, ele passa a ser um asteróide completamente inofensivo.
Para mais informações deixo alguns links. Infelizmente em inglês, mas de uma das instituições que está vigiando os asteróides perigosos: o Programa de Pequenos Corpos do JPL e o Centro de Objetos Próximos da Terra também do JPL.